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Dentre os vários candidatos a fim último do homem, S. Tomás
descarta também a operação da arte. Esta palavra, na terminologia de
Tomás, apresenta um significado mais amplo do que possui modernamente. A
arte é, segundo Tomás, uma habilidade adquirida, - um hábito, diria ele -,
que aperfeiçoa a inteligência humana acerca das coisas contingentes
por oposição às necessárias [
cf. nota sobre contingente e necessário],
estas últimas sendo objeto da ciência.
Ora, existem dois tipos de contingentes: as actiones e as factiones.
Actiones são as operações que permanecem no próprio agente, como ver,
inteligir e querer. Factiones são as operações que transitam à matéria
exterior para formar algo a partir dela, como edificar e cortar (45).
O hábito que aperfeiçoa a inteligência humana quanto às
actiones chama-se prudência. Os hábitos que aperfeiçoam a inteligência
humana quanto às factiones são as artes.
Daí que se chamem artes todas as qualidades adquiridas pelo
homem com as quais ele pode bem modificar a matéria exterior. Neste
sentido, não só a escultura e a pintura são artes, mas são artes também
a Medicina, a Mecânica, a Engenharia, enfim, grande parte das profissões
do mundo moderno.
Na Summa contra Gentiles S. Tomás afirma que o fim último
da vida humana não pode consistir na operação da arte (46); nem,
portanto, pode ser o fim último de um sistema educacional. A razão: isto
iria contra as características que deve ter o fim último da vontade
humana, que deve ser procurado como um fim em si mesmo, e não por causa
de outro. Ora, diz Tomás,
"a arte é um conhecimento prático;
portanto, ela se ordena a outro fim;
conseqüentemente, não pode ser o fim último" (47)
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da vida humana.
Isto significa que a educação que tem como objetivo final a
aquisição de uma profissão, isto é, de modo geral, a educação voltada
para o trabalho como fim último, também esta é contra a natureza humana
e a ordem da natureza; ela não pode, assim como as anteriores, fazer a
felicidade do homem.
E, no entanto, quantos são os que não estudam anos a fio
apenas com a intenção de chegarem à Universidade com o principal
objetivo de conseguirem uma profissão? Estes também, diz Santo Tomás,
não se deram conta ainda dos reais anseios da natureza humana. Muito
ainda teriam para aprender; mas para isto precisariam primeiro conhecer
melhor a si próprios. Isto, porém, não era uma obrigação apenas deles,
mas mais ainda dos educadores que imaginaram ser legítimo e coerente com
as aspirações últimas do homem o modo de educação que lhes foi
oferecido.
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