VI.4.

Natureza do ato da contemplação.

M. D. Philippe publicou em 1949 na Revue Thomiste um magistral estudo sobre a natureza do ato de contemplação na perspectiva dos princípios de Aristóteles, os mesmos sobre os quais versam as obras de filosofia de S. Tomás de Aquino em geral e seus Comentários ao Filósofo em particular (5). A importância deste estudo merecerá que lhe façamos, a seguir, uma resenha intercalada, quando oportuno, de alguns comentários.

O autor tem como objetivo

"determinar a natureza do ato
da contemplação filosófica
tal como Aristóteles
parece tê-la concebido"
(6),

que é a mesma contemplação de que S. Tomás de Aquino se ocupa quando comenta ao Filósofo.

Ao acompanharmos a exposição de Philippe, ao mesmo tempo em que compreenderemos melhor o que é esta contemplação em que se coloca a felicidade do homem, ficará também mais clara a interdependência da mesma com a educação prévia da inteligência que nos é apontada como um de seus requisitos.

"Ainda que o pensamento do Filósofo
não seja explícito a respeito deste ponto",

diz Philippe,

"pois ele mesmo não definiu,
falando propriamente,
o ato da contemplação,
é legítimo determinar,
com o auxílio dos princípios
e das explicações que ele nos deixou
sobre a natureza do conhecimento,
o que deve ser na sua filosofia
esta realidade tão perfeita
e tão eminente
que é o ato da contemplação da sabedoria.
Veremos em seguida o que este ato da contemplação
não é e não pode ser,
depois do que consideraremos seu caráter original,
as condições necessárias à sua realização e, finalmente,
suas propriedades"
(7).

"O ato da contemplação é,
não se pode duvidar disso,
um ato de conhecimento perfeito,
tanto quanto é possível ao homem
alcançar a perfeição neste domínio.
No pensamento de Aristóteles a teoria é,
de fato, uma atividade perfeita,
visto que beatificante.
É por isto que não se pode identificar a contemplação
com os diversos atos particulares da inteligência:
a apreensão, o julgamento e o raciocínio,
atos que são estudados no De Anima.
Cada um destes atos realiza uma perfeição própria,
mas não representa mais do que
uma perfeição parcial e determinada
do conhecimento intelectual total"
(8).

"De fato, nossa inteligência não atinge
imediatamente a realidade em sua totalidade,
mas, ao contrário, apenas parcialmente.
É por isso que ela exige diversas operações
no esforço de conhecer o mais perfeitamente possível
esta mesma realidade"
(9).

"A primeira destas operações,
na ordem de sua geração,
é a apreensão,
isto é, o ato pelo qual a inteligência atinge
as primeiras determinações essenciais da realidade
que são as essências das coisas"
(10).

No Comentário ao De Anima pode-se ler que no intelecto podemos distinguir duas operações distintas. A primeira operação, chamada de apreensão ou simples apreensão, é aquela pela qual são inteligidos os indivisíveis. Ela ocorre, por exemplo, quando o intelecto intelige homem ou boi, ou outras coisas deste modo incomplexas. Este modo de inteligir é a respeito de coisas que não são falsas, porque os incomplexos não são verdadeiros nem falsos. Assim, nesta operação o intelecto não se engana (11). Ou o intelecto alcança uma essência ou não a alcança; como da essência alcançada nada nega nem afirma, não há possibilidade de engano: a operação apenas pode se completar ou não se completar.

Existe também uma segunda operação do intelecto, conhecida como julgamento, na qual ele compõe essências incomplexas apreendidas pela primeira operação e atribui uma a outra, como quando o intelecto afirma que o homem é animal. Nestes inteligíveis, nos quais já existe alguma composição por parte do intelecto, já pode também existir o verdadeiro e o falso (12); a verdade existe quando o intelecto compõe coisas que no objeto são um e compostas e a falsidade existe quando o intelecto compõe coisas que no objeto não são compostas (13).

Finalmente, além da simples apreensão e do julgamento, há ainda uma terceira operação do intelecto, à qual chamamos de raciocínio, que consiste em passar, por meio de um movimento ou discurso, de uma verdade inteligida a outra até com isto poderem ser concluídas outras verdades. O raciocínio pode ser comparado ao julgamento assim como o movimento se compara ao repouso; ele procede de um julgamento e passa de um julgamento a outro até chegar a uma conclusão a que o raciocínio tende como o movimento ao repouso. A conclusão do raciocínio é sempre um julgamento, mas um julgamento cuja verdade só se torna evidente por meio da redução feita pelo raciocínio à evidência dos julgamentos de que partiu.

"Do ponto de vista das exigências
do conhecimento intelectual, portanto,
a primeira operação de simples apreensão
é algo imperfeito e inacabado.
Se por um lado ela é isenta de erro,
por outro ela não é capaz ainda
de conhecer a verdade.
A perfeição da inteligência não consiste apenas
em ser determinada pelo objeto,
mas também em conhecer sua adequação ao real,
isto é, de conhecer a verdade.
E, ademais, mesmo dentro da ordem da determinação,
a inteligência, mediante esta primeira operação de simples apreensão,
não é determinada senão de uma maneira parcial e limitada,
pois ela não alcança senão tal ou qual aspecto da realidade
e não a realidade em sua totalidade,
em toda a síntese de suas determinações.
Para remediar esta deficiência,
a inteligência deve não somente multiplicar
suas diversas apreensões,
mas falta-lhe ainda e sobretudo
que ela se atualize e se exerça de um modo novo.
Este é o papel da segunda operação
que busca realizar no conhecimento intelectual
uma espécie de síntese de conceitos.
Uma operação como esta será capaz
de ser verdadeira ou de ser falsa.
Este modo de composição implica verdadeiramente
uma nova maneira de conhecer que,
supondo a apreensão,
a aperfeiçoa qualitativamente
e lhe fornece o seu acabamento"
(14).

"Esta segunda operação de composição
permite à nossa inteligência
atingir a realidade em sua alteridade,
isto é, atingir as determinações essenciais da realidade
em sua maneira própria de existir.
Pela apreensão alcança-se, certamente, a realidade,
mas unicamente através e dentro
das determinações qüididativas e universais
( ver nota sobre qüididade ),
aquelas que são independentes de seu modo
de existência ou de não existência.
Mas pela segunda operação a inteligência
alcança aquilo que é, aquilo que existe.
De onde que se segue que o objeto próprio
desta segunda operação não é senão aquilo que é:
a realidade ela própria
enquanto medida de nosso conhecimento"
(16).

"Quanto à terceira operação,
o raciocínio,
ela está ao serviço das duas primeiras,
que são, por si sós,
operações naturais da inteligência enquanto tal,
pois contém as perfeições próprias e necessárias
a todo conhecimento intelectual perfeito.
É certo que com o raciocínio
temos uma operação intelectual
com sua perfeição própria mas,
se quisermos nos expressar de um modo preciso,
é necessário dizer que se trata de uma operação
própria à nossa inteligência humana enquanto racional.
Esta terceira operação é, na verdade,
inteiramente ordenada às duas primeiras
e as pressupõe.
A finalidade específica desta terceira operação é
a de atingir e manifestar as diversas conexões causais
que existem entre certas realidades
e certas noções alcançadas e julgadas
por nossa inteligência.
Em outras palavras, esta terceira operação
alcança os liames particulares de dependência
que existem entre certas realidades,
na medida em que são conhecidas
por nossa inteligência.
Pelo fato de pressupor
nossas outras atividades intelectuais,
ela poderá possuir como uma participação
última e especial
a da exatidão e da certeza científica.
Mas, deve-se notar, esta perfeição,
que do lado do sujeito cognoscente
é verdadeiramente última e possui uma certeza perfeita,
o que explica o aspecto próprio sob o qual
ela poderá finalizar nossa vida intelectual,
deve, entretanto,
sempre permanecer na dependência do julgamento,
sob pena de perder o seu valor objetivo e real
e se transformar em uma arte puramente dialética,
organizando conexões puramente formais"
(17).

"Para se realizarem de maneira perfeita,
a segunda e a terceira operação da inteligência
necessitam de diversos hábitos ou virtudes intelectuais.
A primeira operação, possuindo um modo natural,
não tem necessidade imediata das mesmas
e não é senão indiretamente
que poderá adquirir uma maior acuidade"
(18).

"A primeira destas virtudes intelectuais,
na ordem da geração,
é o hábito dos primeiros princípios,
que aperfeiçoa nossa atividade de julgamento
naquilo que lhe diz respeito.
Este primeiro hábito intelectual é adquirido
quase naturalmente,
no sentido em que,
na medida em que a inteligência apreende os termos
de que se compõem os primeiros princípios,
tais como o princípio da não contradição,
ela atinge por este próprio fato sua conexão necessária"
(19).

"A ciência é o hábito
do raciocínio perfeito e necessário.
Este hábito é necessário para aperfeiçoar
nossa terceira operação intelectual,
a atividade racional.
Esta atividade,
possuindo um modo de movimento,
implica uma potencialidade e uma indeterminação
maior do que a do julgamento;
ela necessita, por isso mesmo,
de um modo mais preemente,
do auxílio de um hábito
para alcançar sua perfeição"
(20).

"Finalmente, o hábito da sabedoria
vem aperfeiçoar nossa vida intelectual
como uma virtude que sintetiza de um modo eminente
as perfeições do hábito dos primeiros princípios
e dos hábitos das ciências.
É algo de uma ordem superior.
Na medida em que as primeiras virtudes intelectuais
determinam e aperfeiçoam
a atividade própria de nossa inteligência
no que diz respeito aos objetos
que lhe são imediatamente conaturais,
a sabedoria aperfeiçoa nossa atividade intelectual
naquilo que ela possui de mais puro e mais elevado.
Ela aperfeiçoa as atividades próprias
da inteligência enquanto tal,
isto é, as atividades especificadas imediatamente
pela própria inteligibilidade do ser
considerado em si mesmo,
atividades que desembocam na demonstração
da existência do ser primeiro e da substância primeira"
(21).

"O hábito da sabedoria confere, de fato,
à nossa inteligência
uma nova determinação
e uma nova eficácia
que lhe permite alcançar explicitamente
seu objeto último e terminativo"
(22).

"As ciências são necessariamente múltiplas,
pois elas aperfeiçoam o movimento da razão;
este movimento é especificado
por princípios próprios e particulares
que são diversos.
A sabedoria, ao contrário,
na medida em que é
a perfeição última da inteligência,
é simples e indivisível,
mas de uma simplicidade e de uma indivisibilidade
completamente diferentes daquelas da primeira operação;
trata-se de uma simplicidade
e uma indivisibilidade de perfeição,
análogas à das substâncias separadas e da causa primeira.
E, não obstante, este ato único da sabedoria
está na origem de atividades de tipos diversos:
atividades científicas,
defensivas e contemplativas,
que se realizam com uma perfeição
que lhes é toda particular.
As demonstrações científicas
que procedem do hábito da sabedoria
são normalmente mais rigorosas e mais certas
do que aquelas das demais ciências.
Os julgamentos, obras do hábito da sabedoria,
são os mais penetrantes,
os mais exatos.
Pode-se caracterizar o modo novo
que imprime a sabedoria a todos os seus conhecimentos
como um modo de unidade na perfeição:
este modo de unidade na perfeição é, de fato,
o modo próprio de uma atividade intelectual perfeita,
que tende a reduzir o mais possível
as imperfeições de nossas atividades de conhecimento
sempre fragmentárias e sucessivas.
As diversas demonstrações,
os diversos julgamentos de nosso hábito da sabedoria,
tão perfeitos quanto possam ser,
são, portanto,
todos finalizados pelo ato da contemplação,
que é o ato último e plenamente característico
do hábito da sabedoria"
(23).

"Por tudo isso vemos claramente
que não se pode assimilar
o ato da contemplação do hábito da sabedoria
a um dos três modos particulares
de operação da inteligência humana.
Este ato pressupõe, de fato,
nossa inteligência já perfeitamente determinada
pelo hábito da sabedoria,
na medida, pelo menos,
do que ela é capaz.
Ela supõe, ademais,
já realizada em ato
toda a atividade científica da sabedoria,
assim como sua atividade defensiva, pois,
para que haja contemplação,
é necessário que tenha sido demonstrada
a existência da substância primeira
e é necessário também que nossa inteligência
esteja na perfeita posse de seus princípios,
sendo capaz de refutar toda possível objeção"
(24).

"O ato da contemplação
que finaliza todas as nossas atividades intelectuais
é em si mesmo um ato absolutamente
simples e indivisível.
É mais simples, de fato,
que nossas primeiras apreensões,
e mais indivisível do que elas.
A diferença que existe
entre estas duas operações simples
é análoga àquela que existe
entre a indivisibilidade da qüididade
e aquela da substância primeira.
Ao mesmo tempo este ato da contemplação
é mais perfeito que nossos demais atos de julgamento.
Pois ele não é apenas uma apreensão,
mas é um julgamento
e uma adesão total de nossa inteligência
à verdade conhecida
como verdade primeira e absoluta.
De fato, ele é todo orientado
para o ser da substância primeira
e da causa primeira.
Ora, este ser é necessário,
ele implica em sua estrutura essencial a existência.
O ato da contemplação filosófica alcança, deste modo,
de uma certa forma,
o ser da substância primeira, sua existência.
É necessário, portanto,
que este ato possua as perfeições da segunda operação,
isto é, que tenha seu término
à própria realidade da coisa"
(25).

"Por outro lado este ser singular é alcançado
enquanto causa e princípio de todos os seres,
como a causa e o princípio mais universal
que possa haver.
Segue-se que este julgamento
é o mais penetrante que haja
e que possa haver;
ele dirá respeito ao primeiro princípio do ser,
pois ele alcançará a origem
de tudo quanto existe"
(26).

"Quanto à adesão e à consciência requerida
neste ato de contemplação
podem-se fazer algumas considerações significativas"
(27).

"Este ato,
na medida em que se exige dele
um verdadeiro julgamento afirmativo,
exige, por isso mesmo,
uma adesão perfeita e total de nossa inteligência
a esta primeira verdade conhecida,
que faz com que nosso espírito
seja verdadeiramente atraído e finalizado
por esta verdade que se lhe impõe
como seu bem último.
Não se trata, portanto,
de uma adesão parcial,
relativa e momentânea,
como o podem exigir
alguns de nossos julgamentos afirmativos,
mas de uma adesão total,
absoluta e necessária,
que por sua natureza permaneceria
sempre em ato,
pois nossa inteligência não pode
alcançar um bem mais excelente"
(28).

"Este ato da contemplação possui também,
de um modo virtual,
quanto aos seus resultados
e seus efeitos próprios,
todas as perfeições da demonstração,
pois ele supõe demonstrada,
conforme já comentado,
a existência da causa primeira.
Ora, a demonstração da existência da causa primeira,
sendo a demonstração última,
contém ela própria as perfeições
de todas as demais demonstrações.
Note-se bem, de resto,
que se nós dizemos que este ato de contemplação
supõe a demonstração da existência da primeira substância,
queremos assinalar entretanto
que esta demonstração não é
o que constitui propriamente
o objeto da contemplação.
Esta demonstração procede da atividade
de uma inteligência ainda imperfeita
que busca se unir a seu princípio próprio.
Esta demonstração não está senão
virtualmente presente
em nossa atividade contemplativa.
Isto se deve ao fato de que
as perfeições da demonstração não estão
formalmente implicadas no ato da contemplação.
Mas seus resultados e suas conseqüências estão.
Compreende-se assim como este ato da contemplação
transcende, de um modo único,
a distinção de nossos atos imperfeitos:
apreensão, julgamento e raciocínio.
Ele se situa para além destes diversos tipos elementares
de conhecimento humano,
conservando suas perfeições próprias,
formalmente aquelas da apreensão e do julgamento,
virtualmente aquelas do raciocínio,
sem conservar seus caracteres fragmentários.
Pode-se dizer que ele realiza uma síntese sui generis
das perfeições intelectuais do conhecimento humano,
uma forma de combinação superior
possuindo seu valor original,
irredutível a seus componentes.
É por isto que se pode dizer
que este ato de contemplação filosófica implica,
de um modo eminente,
todas as perfeições da apreensão,
do julgamento e do raciocínio,
pois a inteligência humana ao realizá-la
opera de um modo inteiramente novo,
na medida em que se encontra em um estado de perfeição,
o estado daquele que alcançou a sua finalidade.
É por isto que se diz,
para caracterizar esta maneira nova de agir,
que o ato da contemplação se realiza no repouso"
(29).

"A partir destas considerações será fácil explicar
como este ato possui em si mesmo uma estabilidade
e uma firmeza únicas,
pois ele é o término último
de todas as outras nossas atividades,
todas sendo por causa dele,
mediatamente ou imediatamente,
somente ele sendo buscado por si mesmo,
e uma intensidade de operação igualmente única,
pois ele é perfeitamente ato,
escapando a toda possibilidade
de fadiga ou de mudança.
Se, de fato,
nosso ato de contemplação filosófica
não dura sempre,
isto se deve a razões
extrínsecas à sua natureza.
Mas nele mesmo,
em sua estrutura essencial,
este ato escapa ao tempo.
Em certo sentido pode-se dizer
que ele se assemelha à eternidade da vida divina,
imperfeitamente, é verdade,
mas de modo real.
É por isto que este ato possui
uma duração interior única,
uma continuidade que não é mais comparável
com a continuidade do tempo físico
e mesmo com a continuidade psicológica
das demais operações"
(30).

"Este ato da contemplação
que implica julgamento e adesão,
como já o fizemos notar,
é necessariamente consciente,
pois a consciência é como a propriedade
de nossa atividade de julgamento.
A consciência deste ato é mais perfeita,
mais pura do que aquela
de todos os nossos outros julgamentos.
Isto resulta de quanto dissemos
sobre o caráter próprio do julgamento
implicado no ato da contemplação.
Pois a consciência exige
uma certa reflexão da inteligência sobre seus atos,
reflexão que não pode se fazer perfeitamente
a não ser que este ato seja estável,
fixo e permanente:
quanto mais o ato tenha um modo transitivo,
menos sua consciência pode ser perfeita.
Entretanto, deve-se notar que,
dado o caráter inteiramente teorético
e especulativo deste ato,
não se trata aqui de uma consciência
de ordem sensível e afetiva,
mas de uma consciência
puramente intelectual"
(31).



Referências

(5) Philippe, M. D.: Nature de l'acte de contemplation philosophique dans la perspective des principes d'Aristote; Revue Thomiste, 1949, III, 525-541.
(6) Ibidem; pg. 525. (7) Ibidem; loc. cit.. (8) Ibidem; loc. cit.. (9) Ibidem; pg. 526. (10) Ibidem; loc. cit..
(11) In librum De Anima Commentarium, L. III, l. 11,746.
(12) Idem, L. III, l. 11, 747. (13) Idem. L. III. l. 11,748.
(14) Philippe, M.D.: o. c.; pg. 527. (16) Ibidem; pg. 527-528. (17) Ibidem; pg. 528. (18) Ibidem; pg. 529. (19) Ibidem; loc. cit.. (20) Ibidem; loc. cit.. (21) Ibidem; pg. 529. (22) Ibidem; pg. 530. (23) Ibidem; loc. cit.. (24) Ibidem; pg. 531. (25) Ibidem; loc. cit.. (26) Ibidem; pg. 532. (27) Ibidem; loc. cit.. (28) Ibidem; loc. cit.. (29) Ibidem; pg. 533. (30) Ibidem; pg. 534. (31) Ibidem; pg. 535.