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O Comentário à Ética estuda detidamente mais de
uma dezena de virtudes; na Secunda Secundae da Summa
Theologiae S. Tomás estuda com detalhe mais de cinqüenta, e
provavelmente não foi a sua intenção querer com estas esgotar
o assunto.
Neste trabalho não pretendemos fazer um tratado de
ciência moral, mas apenas mostrar a relação que existe entre
ela e a contemplação em um sistema de educação que tenha a
esta como ao seu fim último.
Por este motivo vamos considerar aqui apenas as
quatro virtudes denominadas virtudes cardeais; cada uma delas
é considerada no Comentário à Ética como sendo a principal em
seu sujeito, isto é, na faculdade da qual é hábito. Estas
virtudes são: a temperança, que modera as paixões do apetite
concupiscível quanto às deleitações venéreas e ao comer; a
fortaleza, que é uma firmeza diante dos temores do apetite
irascível acerca do perigo da morte; a justiça, que é acerca
da igualdade das ações entre um homem e outro, e cujo sujeito
é a vontade; e a prudência, que é a retidão da razão no ato
de preceituar, cujo sujeito é o intelecto prático (67).
Expostas estas quatro virtudes, mostraremos como
as diversas virtudes morais se articulam entre si no homem e
a razão pela qual o seu perfeito exercício é requisito para a
virtude da sabedoria, esta última já situada para além da
ciência moral.
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