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As deleitações corporais estão principalmente na comida e
na atividade sexual (28).
Estas deleitações não podem ser o fim último da vontade
humana porque, conforme vimos, a felicidade do homem é a perfeição da
forma do homem e da operação própria que se lhe segue; trata-se de algo
que se segue, portanto, áquilo que há de mais nobre e essencial no
homem. Não é este o caso, porém, das deleitações da comida e da vida
sexual. Estas são comuns aos homens e aos animais brutos; nelas o homem
não realiza sua perfeição enquanto homem. Elas não se seguem, ademais,
àquilo que há de mais nobre no homem, que é o intelecto, pois são
prazeres que derivam do uso dos sentidos. Não podem, portanto, ser o fim
último da vontade humana (29).
Ademais, do ponto de vista cosmológico, isto é, da ordem
natural, não são também um fim último, pois é manifesto que na ordem da
natureza estes prazeres se ordenam a outros fins: a comida, à
conservação do corpo; a atividade sexual, à geração da prole.
Cosmologicamente falando, não são bens em si, mas bens por causa de
outros. Se o homem os apetece como fim último, do ponto de vista
cosmológico ele está simplesmente se iludindo. Mas, ademais, mesmo na
ilusão, ele não os pode desejar efetivamente como bens em si; pois bens
em si são para serem usados ao máximo. Só os bens que são por causa de
outros é que devem ser usados com medida, isto é, na medida em que são
úteis para alcançar o bem final. Mas o homem não pode desejar as
deleitações corporais como bens finais, pois o uso abusivo destes
prazeres é tido como vício, causa danos à saúde do corpo e da mente, e,
ademais, se impediriam mutuamente entre si. O homem que quisesse fazer
uso deles como conviria, se estes bens fossem de fato o seu fim último,
seria um frustrado. Não podem, portanto, fazer a felicidade de
ninguém (30).
Não temos notícia de sistema educacional que coloque sua
finalidade nas deleitações corporais; independentemente disto, porém, o
fato é que a vida de grande parte da humanidade é a tentativa frustrada
de realizar o projeto da felicidade pelo prazer.
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