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A maioria dos sistemas educacionais contemporâneos foram
construídos sem que se procedesse a uma investigação prévia da ordem
cósmica. Os homens que elaboraram as políticas educacionais dos países
modernos não pararam para discutir se existe ou não existe uma ordem no
Universo; estavam, na maioria dos casos, apenas preocupados com
problemas que afligiam de modo imediato as sociedades em que viviam.
Diante de nossas considerações cosmológicas eles poderiam
muito bem perguntar que problema haveria em existir um sistema
educacional que ignorasse a ordem do Universo. Se for bom para o homem
ignorar esta ordem e construir uma sociedade à parte da ordem do cosmos,
porque o homem deveria deixar de fazê-lo? Certamente a estética do
Universo ficaria comprometida, mas que diferença isto faria para o
homem? Se com isto se resolvessem os problemas que afligem a humanidade,
por que considerar a ordem do Universo? Se forem atendidas as
necessidades das sociedades em que se vive, qual seria o problema em ter
uma educação cuja finalidade discrepe da finalidade do cosmos? E, se
estas necessidades não forem atendidas, que sentido teria considerar a
ordem cósmica? Parece, pois, que a questão importante e básica em
educação é bem outra.
Poderia a filosofia, diante destas considerações, indicar
alguma razão mais imediato para justificar a intromissão destas
considerações cosmológicas em educação?
Devemos responder a esta pergunta com um sim. Sim, pode-se
justificar de um modo mais imediato a necessidades destas considerações
cosmológicas em educação.
Já mencionamos na introdução a este trabalho que a questão
cosmológica implica em uma questão metafísica, assunto sobre o qual
voltaremos a falar mais extensamente em outras partes deste trabalho.
Ocorre, porém, que a questão cosmológica implica, além da
questão metafísica, também uma questão antropológica, uma questão em que
está envolvida a própria essência do homem. E se isto é assim, teremos,
por conseqüência, que agindo contra a ordem cósmica, age-se também e
necessariamente contra a essência do homem.
Santo Tomás de Aquino tratou deste problema no início da
Prima Secundae da Summa Theologiae. Aí ele afirma que não é apenas no
cosmos que se observa a existência de um fim. Ao contrário, a natureza
humana é tal que o homem, justamente enquanto homem, age necessariamente
tendo em vista um fim.
Cumpre, portanto, investigarmos que fim é este, e se está
em consonância com o fim do cosmos.
Este será o assunto do presente capítulo.
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