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Na introdução a este trabalho dissemos que, segundo Santo
Tomás de Aquino, toda filosofia se articula em torno da questão do fim:
"o nome de sábio,
simplesmente considerado,
está reservado àquele cuja consideração
versa sobre o fim de todas as coisas" (1).
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O conhecimento do fim, é, portanto, o ponto de partida da
filosofia em geral, e, de um modo especial, das filosofias particulares,
como a filosofia da educação; é o "problema fundamental dos fins da
educação", na expressão de Fernando de Azevedo.
Dissemos também que na filosofia perene o problema dos
fins, mesmo em educação, não é um problema apenas metodológico, mas
também cosmológico, porque o que se observa é que o mundo em que o homem
está inserido possui uma ordenação intrínseca, independente da
subjetividade humana, e ordenação significa ordenação a um fim.
Em Pedagogia, portanto, segundo a filosofia perene, não se
pode postular um fim arbitrário para o sistema educacional, apenas para
dar coerência e proporção entre os diversos meios que serão usados para
educar o aluno. Não se pode também estabelecer como fim do sistema
educacional objetivos impostos por circunstâncias de mercado, por
programas políticos, por necessidades militares, ou outras metas
baseadas em utilidades imediatas em geral.
Nada impede que o homem construa um sistema educacional
baseado em fins como estes, o que têm sido feito, até em excesso, no
mundo contemporâneo. Não será difícil, porém, para o sábio, apontar
inúmeras contradições em uma educação que assim se organiza. Estas
contradições têm suas raízes na contradição fundamental existente entre
a educação assim organizada e a ordem mais vasta e profunda que se
observa na natureza.
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