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Sem a fé não é possível a graça do Espírito Santo.O Evangelho narra que, depois de ter feito muitos milagres em várias partes de Israel, Jesus retornou à cidade de Nazaré onde havia sido criado. Seus amigos e conhecidos, longe de o receberem com amor e respeito, em vez disso se escandalizaram, percebendo que Jesus havia convivido longos anos com eles aparentemente sem ter realizado nenhum prodígio. Eles queriam ver Jesus fazer tudo aquilo que tinham ouvido ele ter feito em outros lugares:
perguntavam eles.
Mas, apesar disto, Jesus não fêz ali muitos milagres, e o Evangelho de Mateus assim se expressa a este respeito:
No Evangelho de Marcos, o ocorrido é narrado de uma forma ainda mais contundente:
À primeira vista estas passagens podem parecer significar que, sem a fé dos doentes, Cristo seria incapaz de realizar qualquer milagre, mesmo que o quisesse, e que, portanto, a verdadeira causa destes prodígios não seria o próprio Cristo, mas a fé dos que os recebiam. Esta interpretação, porém, se torna manifestamente inaceitável quando passamos a examinar a história da Igreja, na qual encontramos os exemplos dos homens que se decidiram a seguir os passos do Mestre. Encontramos, assim, na história de São Bernardo, um contemporâneo de Hugo de São Vítor, o seguinte relato:
Vemos, assim, nesta passagem da vida de São Bernardo, que Deus havia lhe concedido a cura de todos os enfermos que comessem o pão que ele havia abençoado, quer eles cressem, quer não cressem. Jesus, porém, não era menos do que S. Bernardo. Se isto, portanto, foi possível de ser concedido a S. Bernardo, poderia ter sido também realizado pelo Cristo. Daqui se conclui que ao dizer que Jesus passou por Nazaré e não pôde realizar milagres porque os homens não criam, o texto sagrado não pôde ter entendido que Cristo não os fêz porque teria sido incapaz de fazê-lo ainda que o quisesse, mas porque, no plano da providência divina, os milagres de Jesus eram um símbolo da regeneração espiritual que a graça do Espírito Santo produz na alma dos homens que vivem da fé. Os milagres que Jesus fazia eram sinais externos de algo muito maior que Deus prepara para aqueles que crêem; e era para não destruir o significado destes sinais que Jesus não podia realizar estes milagres onde as pessoas não crêssem. |