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Sendo a natureza princípio interno de movimento, e sendo os princípios
internos de movimento a matéria, a forma e a privação da forma,
a natureza pode ser dita tanto da matéria como da forma,
e pode ser dita, afirma Aristóteles, mais da forma do que da
matéria, na medida em que aquilo pelo qual algo é em ato é
mais ente do que aquilo pelo qual este algo é em potência.
A matéria, de fato, em si mesmo, não é ente em ato, mas pura
potência para sê-lo.
Embora sejam três os princípios internos do movimento e a natureza possa
ser dita da matéria e da forma, o mesmo não pode ser afirmado quanto ao terceiro princípio.
A natureza não pode ser dita propriamente da privação da forma, porque a privação da
forma, enquanto tal, não é um ente real, mas apenas um ente de razão. Uma entidade que
consiste em ser privação de outra não pode existir como ente real; um ente somente pode
possuir privação de algo não na medida em que possui esta privação, mas na medida em que
possui alguma outra coisa que seja uma forma em ato a qual, apenas indiretamente, implique
na privação da anterior.
A natureza também não pode ser dita do composto de matéria e forma,
porque este composto não é princípio, mas algo que provém de princípios.
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