1. Se existem virtudes teologais.
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2. Se as virtudes teologais se distinguem das intelectuais
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Assim como já dissemos, os hábitos se distinguem pela espécie segundo a diferença formal dos seus objetos. Ora, o objeto das virtudes teologias é o próprio Deus, que é o fim último de todas as coisas, na medida em que excede o conhecimento de nosso entendimento. Já o objeto das virtudes intelectuais e morais é algo que pode ser alcançado pela inteligência humana. De onde que as virtudes teologais distinguem-se segundo a espécie das morais e intelectuais. |
3. Se é convenientemente colocado que a fé, a esperança
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Conforme dissemos, as virtudes teologias ordenam o homem à bem aventurança sobrenatural assim como pela inclinação natural o homem se ordena ao fim que lhe é conatural. Ora, isto se dá de duas maneiras. Primeiro, segundo a razão ou o intelecto, na medida em que este contém os primeiros princípios universais conhecidos para nós pela luz natural da inteligência, a partir dos quais procede a razão tanto na especulação quanto no agir. Em segundo, isto se dá pela retidão da vontade naturalmente tendente ao bem da razão.Mas estas duas coisas falham na ordenação à felicidade sobrenatural, conforme diz o Apóstolo quando afirma que
De onde que torna-se necessário que, quanto a ambas estas coisas, algo seja sobrenaturalmente acrescentado ao homem para que este possa ser ordenado à felicidade sobrenatural. Assim, em primeiro lugar, quanto à inteligência, são acrescentados ao homem certos princípios sobrenaturais que somente podem ser compreendidos pela luz divina. Estes são os mistérios da fé, para os quais é a virtude da fé. A vontade se ordena, em segundo lugar, para este fim quanto ao movimento da intenção, pelo qual tende a esta felicidade como a algo que é possível de ser alcançada, o que pertence à esperança, e quanto a uma certa união espiritual, pela qual de certa forma nos transformamos naquele fim, o que se realiza pela caridade. De fato, em cada coisa o apetite naturalmente se move e tende ao fim que lhe é conatural, e este movimento provém de uma certa conformidade da coisa ao seu fim. |
4. Se a fé é anterior à esperança, e a esperança à caridade.
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5. Se existem em nós virtudes infundidas por Deus.
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6. Se as virtudes adquiridas pelo costume das obras são
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O hábito distingue-se pela espécie de duas maneiras.De uma primeira maneira, conforme foi dito, segundo as razões especiais e formais de seus objetos. Ora, o objeto de qualquer virtude é o bem considerado em sua matéria própria: assim como o objeto da temperança é o bem dos deleitáveis nas concupiscências do tato. A razão formal de seu objeto provém da inteligência, que institui o modo nestas concupiscências; a material é a que é da parte das próprias concupiscências. Ora, é manifesto que o modo que é imposto nestas concupiscências segundo a regra da razão humana é de natureza diversa daquele que é segundo a regra divina. Por exemplo, no consumo dos alimentos o modo da razão humana estabelece que ele não causa dano à força corporal, nem impeça o ato da razão. Segundo a lei divina, porém, requer-se que o homem
pela abstinência do comer e do beber e de outras coisas semelhantes. De onde que fica claro que a temperança infusa e a temperança adquirida diferem pela espécie, a mesma razão valendo para as demais virtudes. De um segundo modo os hábitos se distinguem pela espécie segundo as coisas às quais se ordenam. É assim que não são da mesma espécie a saúde do homem e do cavalo, por causa das diversas naturezas às quais se ordenam. Do mesmo modo, diz o Filósofo no III Livro da Política, que diversas são as virtudes dos cidadãos, segundo as quais se ordenam corretamente aos diversos regimes políticos. Por este modo também diferem segundo a espécie as virtudes morais infusas, pelas quais se ordenam corretamente para que sejam
e as demais virtudes adquiridas, segundo as quais o homem se ordena corretamente às coisas humanas. |
7. Se as virtudes morais são interligadas entre si.
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8. Se as virtudes morais podem existir sem a caridade.
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9. Se a caridade pode existir sem as demais virtudes morais.
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10. Se a caridade pode existir sem a fé e a esperança.
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* Um melhor entendimento do sentido e do alcance das presentes questões pré-exige o estudo do quinto capítulo da Educação segundo a Filosofia Perene ou do Comentário de Santo Tomás à Ética de Aristóteles. |