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Ouvi, pois, com atenção, e considerai o que estou para
dizer.
Quando nada existia, que potência não era necessária
para fazer com que algo existisse?
Que sentido poderá compreender quanta virtude não
haverá no se fazer do nada ainda que seja uma única coisa, e
ainda que seja a mínima de todas?
Se, portanto, há tanta potência no se fazer do nada
uma só coisa, ainda que pequena, como não se poderá compreender
quão grande deveremos estimar a potência que criou tamanha
multidão de seres? De que tamanho é esta multidão? Quantos são? O
número das estrelas do céu, a areia do mar, o pó da terra, as
gotas da chuva, as penas das aves, as escamas dos peixes, os
pelos dos animais, a grama dos campos, as folhas e os frutos das
árvores, e os números inumeráveis dos demais inumeráveis.
Há uma multidão inumerável nos semelhantes, uma
multidão inumerável nos diversos, uma multidão inumerável nos
permistos.
Quais são os semelhantes? São aqueles que estão
contidos em um mesmo gênero, como este homem e aquele homem; este
leão e aquele leão; esta águia e aquela águia; esta formiga e
aquela formiga. Cada uma destas coisas singulares e todas as tais
restantes são semelhantes em seus gêneros.
Quais são os diversos? São aqueles que são informados
por diferenças dessemelhantes, como o homem e o leão. O leão e a
águia. A águia e a formiga. Estes são diversos.
Quais são os permistos? São todos simultâneamente
considerados.
Como ocorre o infinito nos semelhantes? E como o
infinito nos diversos, e o infinito nos permistos? Ouve: o homem
é um só gênero, mas não existe um só homem. Quem os poderá
enumerar? O leão é um só gênero, mas não existe um só leão. Quem
os poderá enumerar? A águia é um só gênero, mas não existe uma só
águia. Quem as poderá enumerar? E assim nos demais gêneros
inumeráveis de coisas inumeráveis há infinitos gêneros de coisas
e em cada gênero singular há infinitos semelhantes. Todas estas
coisas são simultâneamente inumeráveis infinitos.
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