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O final do Comentário ao VIIº da Política, que
inicia a abordagem dos requisitos remotos da educação em seus
primeiros estágios, abordagem que infelizmente encontra-se
interrompida ainda em seus começos, enuncia um princípio
geral a ser observado em tudo quanto irá e iria ser tratado
posteriormente.
Depois de ter declarado qual é o fim último da
vida humana, diz o Comentário, deve-se considerar como se
deve proceder para tornar os homens bons e aplicados em se
ordenarem a este fim. Devemos distinguir três coisas que para
isso são necessárias: a natureza, o costume, que nesta
passagem é para Aristóteles um termo pelo qual se designam as
disposições do apetite, e a razão (1).
É necessário considerar se as crianças devem ser
instruídas primeiramente segundo a razão ou inteligência, ou
se devem ser instruídas segundo o costume ou apetite. E antes
mesmo disto, deve-se considerar se não devem ser bem
dispostas segundo o corpo antes que tratemos de bem dispor as
suas almas. De fato, é necessário harmonizar entre si estas
coisas do modo devido para que tratemos de dispor em primeiro
lugar àquilo que a natureza previu que deve ser disposto em
primeiro lugar (2).
Ora, é manifesto nas coisas que são segundo a natureza e
segundo a arte que qualquer geração começa por algum
princípio imperfeito e termina em algo perfeito e final. O
termo e fim natural do homem é a razão e a
inteligência em ato e não em potência; pelo que importa
ordenar primeiro o corpo do que a alma, e o apetite antes que
a inteligência (3). De fato, observa-se que o apetite precede
segundo a via da geração o intelecto e a razão em ato, pois o
irascível e a concupiscência estão nas crianças imediatamente
desde o nascimento, enquanto que o intelecto e a razão em ato
não estão senão depois de um certo tempo (4).
Portanto, como é necessário dispor aquilo que se
ordena ao fim antes de dispor o próprio fim, e o corpo se
ordena ao intelecto e à razão como a um fim, e o apetite se
ordena à inteligência assim como a matéria à forma, será
preciso primeiro ocupar-se do corpo do que da alma; e depois,
na alma, daquilo que pertence ao apetite por causa do
intelecto e tendo em vista ao mesmo, e por causa do intelecto
cuidar de tudo quanto há na alma. De fato, todas as partes da
alma e os seus hábitos se ordenam à perfeição que é segundo o
intelecto (5).
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