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Cultivar até à excelência a virtude e a
inteligência são os requisitos imediatos da vida
contemplativa; nisto afirmamos consistir aquela fase da
pedagogia a que chamamos de intencional, por supor a intenção
do aluno de alcançar este objetivo.
Antes disso, porém, temos a pedagogia não
intencional, que consiste em uma preparação para o trabalho
intencional da virtude e da inteligência em que no mais das
vezes o aluno não tem condições de compreender o fim último
de seus esforços.
Foi no fim do VIIº da Política e no VIIIº da mesma
obra que Aristóteles abordou este assunto, analisando a
educação da criança desde os seus primeiros anos. Entretanto,
deixou este tratado incompleto ainda nos próprios princípios.
Santo Tomás de Aquino não chegou a comentar sequer
este texto inacabado de Aristóteles. Seu comentário se
interrompe ao longo do IIIº da Política; um de seus
discípulos, seguindo a orientação do mestre, completou o
comentário até o ponto em que Aristóteles havia escrito. Este
discípulo que continuou o Comentário demonstra conhecer bem a
obra e o pensamento de Tomás, de modo que o Comentário à
Política escrito pelos dois autores tem sido publicado como
uma só obra, apenas com uma pequena nota assinalando o ponto
em que termina o texto de Tomás e se inicia o do discípulo.
Não é difícil, ademais, supor o que Tomás de
Aquino pensaria sobre Aristóteles nos textos que ele não
comenta. A não ser em pouquíssimos pontos onde Aristóteles
afirma algo manifestamente inconciliável com o conjunto do
pensamento de Tomás, este último sempre concorda com o
primeiro e, o mais freqüentemente, aprofunda o pensamento de
Aristóteles. De modo que pode-se dizer que o presente
capítulo desta trabalho, baseado no texto com que um aluno de
Tomás de Aquino completou o Comentário à Política que ele
havia deixado inacabado, não foge ao pensamento de Tomás de
Aquino.
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