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Este modo de conceber a educação, orientando-a
em seu fim último à sabedoria e à contemplação, orientação
tão diversa dos modernos sistemas de educação, não é uma
concepção originária do próprio Santo Tomás de Aquino.Ao
contrário, tem raízes históricas profundas, que remontam
às próprias origens de nossa civilização.
Uma das fontes de S. Tomás de Aquino nesta
concepção é a doutrina de Aristóteles. Aristóteles, porém,
é tributário de toda a história do movimento filosófico
grego, anterior a ele de vários séculos. Conforme veremos,
os principais filósofos gregos anteriores a Aristóteles
pensavam no que diz respeito à contemplação de um modo
muito semelhante.
Outra fonte de S. Tomás de Aquino a este
respeito é a tradição cristã. A contemplação tem sido um
assunto constantemente abordado pela maioria dos grandes
autores cristãos, desde o início do Cristianismo até Santo
Tomás de Aquino e também depois dele. Conforme veremos, já
no texto dos Evangelhos encontramos descrita a excelência
da contemplação.
Todavia, o que o Cristianismo entende por
contemplação encerra elementos que não se encontram nos
filósofos gregos. Estes elementos, abordados também por S.
Tomás nos seus escritos teológicos, serão analisados, em
parte, no último capítulo deste trabalho.
Cabe aqui dizer que, quando por volta dos
séculos II e III filósofos gregos como São Justino e
Clemente de Alexandria se converteram ao Cristianismo,
encontraram semelhanças notáveis entre aquilo que o
Cristianismo descrevia como contemplação e aquilo que os
filósofos gregos, não apenas Aristóteles, falavam sobre o
mesmo assunto. A conseqüência natural foi que quando os
cristãos percebiam estarem se referindo às mesmas
realidades, muitos elementos da contemplação passaram a
ser designados também com os mesmos termos que eram
designados entre os gregos. E também, naquilo que a
contemplação entre os cristãos tinha de comum com os
filósofos gregos, a tradição cristã empenhou-se num
desenvolvimento que freqüentemente tinha sua apresentação
revestida de caracteres tomados de empréstimo aos gregos.
Neste capítulo, portanto, traçaremos um rápido
quadro da origem da concepção da sabedoria e contemplação
como fim último do homem em Santo Tomás de Aquino tal como
se apresentou na tradição da filosofia grega até
Aristóteles, de onde passou para Tomás através de seus
comentários às obras do filósofo, e na tradição cristã,
apenas naquilo que ela apresenta neste assunto de comum
com a tradição da filosofia grega. O que o Cristianismo
apresenta de próprio em matéria de contemplação será
deixado para o capítulo final deste trabalho.
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