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Na profecia com que se inicia o capítulo 11 de Isaías, Jessé é o pai
de Davi, de cuja descendência nasceu Jesus. O ramo que sairá do tronco de
Jessé de que fala o profeta Isaías, é, portanto, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Esta profecia afirma que Jesus Cristo seria repleto dos dons do
Espírito Santo, e, ademais, enumera sete dons do Espírito Santo, aos quais chama
de sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor do
Senhor.
Apesar desta profecia se referir em primeiro lugar a Cristo, ela se
refere também a nós, porque foi o próprio Cristo que disse, quando orava por nós
ao Pai:
"Eu dei-lhes a glória
que tu me deste". |
Além disso, em conformidade com esta oração de Cristo,
as Sagradas Escrituras prometem a
todos aqueles que crerem no Cristo que
"participarão de sua plenitude". |
Portanto, estes sete dons do Espírito Santo são também qualidades com
que a graça divina adorna a alma dos fiéis, através das quais eles podem ser
conduzidos com mais docilidade pelo Espírito Santo. Eles correspondem a sete
modos pelos quais o Espírito Santo costuma conduzir aqueles que vivem da fé e do
amor, e são enumerados por Isaías segundo uma ordem decrescente, o mais
elevado deles sendo aquele que está no início da lista, que é o dom de sabedoria.
Todos os homens que vivem em estado de graça possuem os sete
dons do Espírito Santo, que são infundidos na alma quando nos convertemos a
Deus pela fé e pelo amor. À medida em que crescemos na virtude, todos os sete
dons crescem juntos, cada um, porém, se manifestando com maior predominância
na ordem inversa à exposta pelo profeta Isaías, como se existissem sete dias ou
sete etapas no desenvolvimento da vida cristã, em cada uma destas etapas se
manifestando com mais evidência este ou aquele dentre os sete dons do Espírito
Santo.
Assim, no início da vida cristã primeiro se manifesta mais
acentuadamente o dom de temor, embora todos os sete estejam presentes. À
medida em que progredimos na vida da graça, passa a manifestar-se com maior
predominância o dom de piedade; com isto, porém, todos os outros dons crescem
paralelamente, e o dom de temor, que já havia se manifestado no dia anterior,
passa, quando surge o dia do dom da piedade, para um plano superior de vivência.
Já não é mais o temor como aquele com que iniciamos a vida cristã; é um temor
condizente com uma vida em que se manifesta mais marcadamente o dom de
piedade. Em seguida, manifesta-se o dom de ciência, elevando, com ele, os dons
de temor e de piedade a um plano ainda superior de vivência. E assim
sucessivamente, até chegar o dia do dom da sabedoria, que é o mais alto de todos
os dons do Espírito Santo.
Pelo dom de temor, o primeiro dos dons do Espírito Santo, nos é
infundido um respeito reverencial por Deus, pelas coisas sagradas e pelos homens,
devido ao fato de que a existência e a vida deles, quer eles o admitam ou não, está
relacionada com Deus. Nossa consciência começa a tornar-se mais delicada, o
pecado a aflige mais do que ao comum dos homens que vivem afastados da graça
e temos medo ou até pavor de suas conseqüências espirituais. Compreendemos,
dependendo da intensidade com que o Espírito Santo nos ilumina, nossa indigência
espiritual e, quanto mais a compreendemos, esta compreensão nos move a um
interesse maior pelas coisas de Deus. No início da vida cristã este temor possui um
caráter que se chama de servil; à medida em, que vão, porém, se manifestando os
demais dons do Espírito Santo, este temor inicial não desaparece, mas vai se
tornando cada vez mais acentuadamente o que se chama de temor filial.
O dom de piedade, quando passa a se manifestar com maior
predominância, faz com que o temor de Deus se torne mais maduro. Como o nome
o diz, nos tornamos mais piedosos, tanto para com Deus como para com os
homens. As pessoas se tornam mais mansas e compreensivas, perdoam com mais
facilidade, cumprem seus deveres religiosos mais por uma conaturalidade para com
eles do que obrigados pelo medo do pecado.
Pelo dom de ciência se inicia uma compreensão mais profunda de
como os mandamentos de Deus não são preceitos arbitrários dados ao acaso por
um Deus que até teria direito de proceder assim se o quisesse, mas que, em vez
disso, os ordenou tendo em vista com eles o nosso bem, por conhecer todas as
coisas muito melhor do que nós o podemos fazer. Percebemos cada vez mais que
os seus mandamentos não são uma simples imposição de autoridade, mas são o
caminho para uma liberdade com que o comum das pessoas não consegue atinar.
Ainda que não o expressemos com palavras, passamos a nos comportar como se
estivéssemos percebendo por nós mesmos que existe uma ciência do uso das
criaturas por parte do homem, e que o homem surgiu sobre a terra como se ela
tivesse sido preparada propositalmente para que, quando o homem surgisse, ele
usasse desta ciência para, através das criaturas, elevar-se a alguma coisa muito
alta, e não para fazer delas aquilo que o seu capricho bem entendesse. A vida
daqueles que vivem inteiramente alheios a este conhecimento nos parece tão
intolerável que nos causa repugnância e, se antes de nos termos convertido a Deus
tínhamos vivido desta maneira, isto nos causa, mais do que simples remorso,
verdadeira repulsa.
"Meu coração se espanta
e minha alma se aterroriza",
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dizia Santo Antão em uma de suas cartas,
"pois nós mergulhamos no prazer
como gente embriagada de vinho,
porque nos deixamos distrair por nossos desejos,
deixamos reinar em nós a vontade própria
e recusamos elevar nossos olhos para o céu
buscando a glória celeste;
incapazes de exercermos nossa inteligência
segundo o estado da criação original,
inteiramente privados de razão,
nos sujeitamos à criatura
em vez de servir ao Criador".
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É impossível alguém enxergar isto tão claramente se o Espírito Santo não lhe tiver
concedido o dom de ciência. Se pelo dom de piedade o temor de Deus se tinha
tornado mais delicado, o dom de ciência parece nos mostrar a existência de um
fundamento muito claro tanto para a piedade como para o temor.
Pelo dom de fortaleza a existência de algo mais elevado preparado
por Deus para ser buscado pelos homens se nos torna tão manifesta que
passamos a partir em sua procura com tanto empenho que isto se evidencia diante
dos homens como uma determinação tão profunda e inquebrantável a que
aparentemente nada pode corromper. É aqui que os homens começam a aspirar
com seriedade à santidade. A fortaleza imprime uma marca inconfundível tanto no
temor, como na piedade e na ciência.
A prática abundante das obras de misericórdia costuma estar
associada com a vida das pessoas que se propõem à busca da santidade com a
determinação do dom da fortaleza. Isto ocorre porque elas já não são mais tão
guiadas em suas decisões pelo egoísmo e pelos impulsos das paixões; com isso
seu entendimento se abre para uma percepção mais aguda dos problemas graves
que afligem o próximo do que o das as pessoas que ainda estão passionalmente
envolvidas com seus problemas pessoais e que não têm tempo nem disposição
para os perceber. Ocorre, porém, que sempre o sofrimento de outros é
objetivamente muito maior, mais grave, mais profundo do que os nossos problemas
pessoais, e, ademais, afeta um número de pessoas muito maior do que aqueles a
quem podemos efetivamente ajudar. Isto faz com que o envolvimento com o
sofrimento humano, e de modo especial neste caso em que ele ocorre não por
causa de alguma circunstancialidade ou algum problema pessoal, mas por causa de
uma clara percepção da gravidade e da extensão deste sofrimento em si mesmo,
exige por natureza um aperfeiçoamento daquela sabedoria prática que é a virtude a
que denominamos de prudência. Segundo diz Ricardo de São Vítor no Benjamin
Minor, a prudência é, na ordem, a última das virtudes que se aperfeiçoa no homem
antes que nele se manifestem as virtudes contemplativas. À prudência está
associada a capacidade do conselho dado com sabedoria. O dom de conselho é,
assim, o modo externo de como se manifesta diante dos homens aquela
conaturalidade para com a prática da misericórdia daqueles que estão se
aproximando de Deus.
A santidade eminente que as Sagradas Escrituras nos relatam ao
narrarem as vidas dos patriarcas e dos profetas do Velho Testamento e as dos
apóstolos e mártires do Novo principia propriamente pelo dom de entendimento e
se torna madura pelo dom de sabedoria. O dom de entendimento produz uma tal
pureza de alma daqueles que são assim conduzidos pelo Espírito Santo que eles
passam a compreender com impressionante clareza o sentido mais profundo das
Sagradas Escrituras e das coisas divinas.
diz Santo Tomás de Aquino,
"implica um conhecimento íntimo;
significa ler dentro;
é aquele conhecimento da inteligência
que penetra até à essência da coisa".
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Pelo dom de entendimento compreendemos
"de um modo límpido e claro",
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diz ainda Santo Tomás de Aquino, o sentido das coisas que são
ensinadas por Deus e que parecem obscuras ou até mesmo incompreensíveis
para a maioria dos homens, muitas vezes inclusive para aqueles
que passaram a vida inteira
estudando, mas sem buscar verdadeiramente a Deus. Mais ainda, sua beleza se
nos manifesta com tal evidência que passamos a contemplá-las habitualmente em
nossa alma e com prazer sempre crescente. Os homens que são movidos pelo
dom de entendimento são pessoas que vivem habitualmente da fé, e a fé neles é
tão intensa que já é como uma posse antecipada da substância das coisas que eles
esperam no céu (Heb. 11, 1). É a estas pessoas que Jesus se referia quando dizia:
"Bem aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus". |
Mais ainda, aqueles que são movidos pelo dom de entendimento têm uma facilidade
como que conatural para explicar aos outros o significado das coisas divinas; se
isto ocorre com pessoas que têm familiaridade com a terminologia e o
conhecimento teológico, surgem daí aquelas obras primas da Teologia como a
Summa Theologiae de Santo Tomás de Aquino, o Tratado da Santíssima
Trindade de Ricardo de São Vitor, Os Três Dias de Hugo de São Vitor,
e muitas outras mais. A beleza extraordinária destes escritos, a profunda
sobrenaturalidade que neles se respira, a impressão
que elas produzem de estarmos em contato com
algo celeste, é conseqüência de terem sido escritas por alguém em que se
manifestava a atuação do dom de entendimento. O dom de entendimento é,
também, com isso, o modo pelo qual o Espírito Santo confere aos homens uma
aptidão especial para o ensino das coisas sagradas.
O dom de sabedoria está associado à mais profunda forma de
conhecimento que é possível, com o auxílio da graça, ao ser humano. Ele é de uma
ordem mais elevada do que o dom de entendimento e muitíssimo mais ainda do que
as formas usuais de conhecimento existentes entre os homens. A causa deste
conhecimento é também diferente nos três casos. No conhecimento usual dos
homens, a causa do conhecimento é o esforço que o homem faz em aprender. No
dom de entendimento, a causa é o agir do Espírito Santo sobre a inteligência do
homem já adiantado na vida das virtudes. No caso do dom de sabedoria a causa é
uma vivência supereminente do amor a Deus, amor este movido pela atuação do
Espírito Santo. Este amor se torna tão intenso e tão mais acima daquele que os
homens normalmente costumam experimentar que através dele Deus infunde na
alma uma outra forma de conhecimento mais alta do que o que provém do dom de
entendimento. Por isso é que este dom se chama de sabedoria; segundo o modo
comum de entender dos homens, sabedoria é o mais elevado conhecimento
possível. Assim também entre os dons do Espírito Santo enumera-se o dom de
sabedoria, por meio do qual o Espírito Santo nos move ao mais elevado
conhecimento possível e à mais elevada forma de contemplação que o homem
pode alcançar. A causa próxima da contemplação produzida pelo dom de sabedoria
não é uma ação direta do Espírito Santo sobre a inteligência, mas o modo
supereminente da vivência do amor a Deus produzida em nós pela graça do
Espírito Santo que Jesus prometeu aos que seguissem os seus preceitos.
"Deus nunca dá esta sabedoria sem amor",
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diz São João da Cruz,
"pois é o próprio amor que a infunde,
como afirma o profeta Jeremias quando diz:
`Enviou o Senhor fogo aos meus ossos,
e ensinou-me'".
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O dom de sabedoria, desta maneira, leva o preceito do amor a Deus
às suas máximas possibilidades; as
pessoas que são conduzidas pelo dom de sabedoria amam a Deus como Jesus
ensinou que deveríamos amá-Lo, isto é, conforme vimos,
"com todo o nosso coração,
com toda a nossa alma,
como todo o nosso entendimento,
com todas as nossas forças".
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É humanamente impossível praticar este mandamento
em todo o seu real significado sem o auxílio do dom de sabedoria. O dom de
sabedoria, ademais, eleva ao seu mais alto nível todos os outros dons do Espírito
Santo cujas manifestações o precederam; com isto, também, a vida de todas as
virtudes alcança o seu grau máximo.
"Aqueles que alcançaram o dom de sabedoria",
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diz um teólogo dominicano recente,
"parecem ter perdido completamente
o sentido do humano
e o terem substituído pelo sentido do divino
com que vêem e julgam a todas as coisas.
Teriam que fazer-se uma grande violência
para descer aos pontos de vista
com que a mesquinhez humana
julga todas as coisas.
Não chamam desgraça
ao que os homens costumam chamá-la,
isto é,
uma enfermidade,
uma perseguição,
a morte,
mas unicamente àquilo que o é na realidade,
por sê-lo diante de Deus,
isto é,
ao pecado,
à indiferença,
à infidelidade à graça divina.
As maiores provações,
sofrimentos e contrariedades
não conseguem perturbar um só momento
a paz inefável de suas almas,
como se eles já estivessem na eternidade.
Mas o efeito mais impressionante
diante dos homens
do dom de sabedoria
é a morte total ao próprio eu.
Aqueles que são conduzidos
pelo dom de sabedoria
amam a Deus com um amor puríssimo,
apenas por sua infinita bondade,
sem mistura de interesse ou de motivos humanos,
sem, porém renunciar ao céu,
o que na verdade desejam mais do que nunca,
mas apenas porque deste modo
poderão amar a Deus com maior intensidade".
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Mas, ao
contrário do dom de entendimento, que permite ao homem ensinar com mais
perfeição as coisas de Deus, nem sempre é possível dar conta do que se aprende
pelo dom de sabedoria. Segundo Santo Tomás de Aquino, o conhecimento que
advém pelo dom de sabedoria é algo de deiforme; através dele podemos conhecer
a Deus mais profundamente e amá-Lo até ao limite de nossas possibilidades, mas
nem sempre é possível explicar o que dele se conhece desta maneira. Ocorre,
porém, que quando se manifesta o dom de sabedoria no homem, todos os demais
dons, e com eles o dom de entendimento, sobem para um plano mais elevado, de
modo que, indiretamente, através do efeito que o dom de sabedoria produz sobre o
dom de entendimento, aqueles que o alcançaram podem ensinar mais plenamente
do que aqueles que chegaram apenas ao dia do entendimento.
Deduz-se, ademais, desta longa explicação, uma outra importante
conclusão. Em uma aula anterior afirmamos que os objetivos da vida cristã são o amor a
Deus e ao próximo; que amar a Deus se torna realidade através do trabalho de
nossa santificação, sem o qual não é possível amar a Deus; que o amor ao próximo
se torna uma realidade mais plena através do ensino, que é, para Jesus, a prova
de amor que ele deseja de nós. Vemos agora, porém, que nenhuma destas duas
coisas é possível sem o Espírito Santo, pois é através do dom de entendimento
que o homem se torna verdadeiramente capaz de ensinar e é através do dom de
sabedoria que o homem se torna verdadeiramente capaz de amar a Deus. Aos dois
maiores mandamentos correspondem também os dois maiores dons. Ao
mandamento do amor a Deus, que é o maior de todos os mandamentos,
corresponde o dom de sabedoria, que é o maior de todos os dons do Espírito
Santo. Ao segundo mandamento, o do amor ao próximo, corresponde o dom de
entendimento, que é também o segundo dentre os dons do Espírito Santo. E assim
como o dom de entendimento alcança sua plenitude quando se eleva sob a
influência do dom de sabedoria, assim também o amor ao próximo somente
alcança toda a sua perfeição quando toma a sua força do preceito do amor a Deus.
Para que possamos realizar ambas estas coisas o Senhor nos convida
insistentemente a que removamos todos os obstáculos e posterguemos todos os
nossos cuidados, para, com o melhor de nossas forças, nos colocarmos ao seu
serviço. Depois ainda nos pergunta, no décimo terceiro capítulo do Evangelho de
São João:
"Compreendeis o (convite) que vos fiz?
Se compreendeis estas coisas,
sereis felizes se as praticardes". |
Eis o eterno convite, que a tantos comoveu tão profundamente e os levou a
abraçarem o Evangelho. Teriam-no compreendido também aqueles que lêem estas
linhas? Desejam também eles a felicidade? Eis o que o Cristo nos pergunta, porque
nos ama e nos ama muito. E até antes de Jesus as Sagradas Escrituras
interpelavam os homens a este respeito:
diz o Salmo 33,
"e eu vos ensinarei o temor do Senhor.
Qual é o homem que quer a vida,
e deseja ver dias felizes?"
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Esta interpelação não foi feita em vão. Atravessou os séculos e, um certo dia, ao
ler esta passagem, São Bento entendeu o que Deus quiz dizer:
"Que pode haver
de mais doce para nós,
caríssimos",
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disse ele,
"do que esta voz do Senhor
a convidar-nos?
O Senhor procura o seu operário
na multidão do povo
ao qual diz estas coisas!
Eis que pela sua piedade
nos mostra o Senhor
o caminho da vida!"
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Hoje São Bento está no céu, junto de Deus, para sempre. Dali o seu exemplo e a
sua vida continuam a nos interpelar para que acordemos do nosso sono tão
profundo. Diz também a Sagrada Escritura:
"Desperta, ó tu que dormes;
levanta-te dentre os mortos,
e Cristo te iluminará". |
Embora estas expressões se apliquem a toda a humanidade, a maioria dos homens
age como se elas se aplicassem apenas aos outros. Pode existir sono maior do
que este?
A existência das Sagradas Escrituras é uma prova do quanto Deus
nos ama e se importa conosco. Em sua preocupação por nós, providenciou para
que elas se esparramassem por todos os cantos da terra, por todas as suas
cidades, e até mesmo para dentro de quase todos os lares, para que os seus filhos
só não as lessem se não o quisessem. Não existe nada que possa ser tão
facilmente encontrado por qualquer um em qualquer lugar e a qualquer momento.
As Sagradas Escrituras são como uma carta através da qual Deus não se cansa de
chamar seus filhos queridos os quais, vítimas de uma espécie de loucura, não
entendem mais por onde andam. Qualquer um deles que verdadeiramente se tiver
dedicado a entender o que esta mensagem do alto nos quer dizer somente poderá
chegar às mesmas conclusões a que já havia chegado São Bento.
Vamos continuar nossas considerações e examinar mais algumas
passagens das Sagradas Escrituras relacionadas com o tema de que estamos
tratando.
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