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Chamando-nos a uma vida toda de amor, Jesus nos preparou e nos deu
numa regra toda de amor. A morte e a renúncia que fizermos por amor a
Nosso Senhor, a quem queremos amar acima de tudo, fará que não
tenhamos o coração humanamente preso a coisa alguma, a nenhuma
criatura, nem a nós mesmas. Para ele morreremos a tudo. Nosso
regulamento será o meio que nos levará à união divina.
O que é a vida de união? A alma está unida, e amorosamente unida
a Deus, quando tem em si a graça. Quando vive da graça está unida
a ele como a filha ao Pai. A esta união básica são chamadas todas
as almas.
Também o pecador tem Deus em si. Deus continua a viver na alma
pecadora. Estão juntos, mas não em união. Vivem uma vida
separada.
E nós, a que vida de união somos chamadas? À vida perfeita,
querida pelo Pai divino. Há almas chamadas a uma perfeição
especial de união de amor. estas devem alcançar a vida perfeita de
Jesus na sua santíssima humanidade.
O meio que, com segurança, nos leva a uma plena união com Deus é
a oração, de qualquer tipo. Oração vocal, oração mental,
oração de contemplação, conforme Deus quiser de nós e nos
inspirar. Basta que nos unamos a ele com todas as forças e seja
constante. Sim, a oração constante, que não desiste nunca, como
nos ensinou o nosso Seráfico Pai.
A união acontece no amor e no conhecimento. O amor faz conhecer e o
conhecimento aumenta o amor. O conhecimento acontece especialmente
através da oração. O amor pede que ele se revele e, no
conhecimento, o amor se torna tão grande que leva à união;
evidentemente, trata-se do conhecimento que vem dEle próprio.
Conforme o Criador e a criatura se doam no amor e no conhecimento,
acontece a união.
A oração dá à alma toda a virtude e faz chegar ao estado de amor e
união estabelecido por Deus. Na oração se adquire sabedoria.
Tão diferente da sabedoria humana quanto difere um corpo material,
opaco, impenetrável, morto, de um corpo sem matéria, claríssimo,
transparentíssimo, vivo. A essência da oração é o afeto, o
amor, isto é, a caridade. E sabemos que na caridade existe a fé e
a esperança. Tanto na oração vocal, quanto na oração mental, a
essência é a caridade, o amor.
Se Deus não agir de forma diversa, a alma começa sempre a união
com Deus através da oração vocal. A oração mental é a melhor,
pois contém a perfeita caridade, o perfeito amor. Chega-se à
oração mental através do santo exercício da oração vocal feita com
caridade, com afeto do coração, pelo exercício das santas
meditações, feitas com o suave desejo de conhecer sempre mais o
Senhor nosso.
O regulamento de vida nos chama à oração constante. Vê-se logo
que por oração constante não se entende ficar sempre ocupada em
recitar orações ou em meditar, mas ter a alma elevada e o coração
em Deus. Devemos exercitar-nos com amor no conhecimento de Deus.
Quanto o Senhor deseja isso! Ter sempre o coração unido a ele em
oração constante!
Se durante a oração a alma rezou realmente, quer dizer, se ela se
uniu a Deus, certamente recebeu dele dons de amor; Deus ter-se-á
unido à alma, e agora que ela o conhece melhor, certamente o ama
mais. A alma não pode dizer: agora acabei as minhas orações e há
uma separação entre mim e ele, até que eu volte novamente às
orações marcadas. Não, que amor pobre! A alma deve sair da
oração com a união aumentada e, se é assim, deve comprometer-se
totalmente no exercício santo de transformar nossa oração em
verdadeira união com Deus. Feliz o dia em que a nossa oração for
constante, pois Deus nos terá dado a graça de finalmente estarmos
unidas a ele.
Devemos rezar, rezar sempre, rezar constantemente para alcançar a
união que Deus quer para nós, nem se deve desistir do santo
exercício da oração diante de qualquer dificuldade. Tudo depende
disso.
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