19.

Sobre os Animais, L.I, c. 3.

"Se dormis entre os apriscos,
as penas da pomba brilham como prata,
e o seu dorso no fulgor do ouro".

Salmo 67, 14

A pomba é qualquer alma fiel e simples. Suas penas brilham como prata quando suas virtudes são manifestas pela fama da boa opinião.

Reúne tantos grãos de sementes para a sua refeição quantos são os exemplos dos justos que toma para si para bem operar.

Possui dois olhos, o direito e o esquerdo, que são a MEMÓRIA e a inteligência. Neste prevê o futuro, naquele chora sobre o passado. Nossos pais fecharam estes olhos no Egito quando não entenderam as obras de Deus, nem guardaram na MEMÓRIA a multidão de suas misericórdias.

A pomba possui duas asas, o amor do próximo e o amor de Deus. A primeira, pela compaixão se estende ao próximo, a segunda pela contemplação se ergue até Deus. Destas asas procedem as penas, isto é, as virtudes da alma, penas que resplandecem com o brilho da prata quando, pela fama da boa opinião oferecem aos ouvintes, ao modo da prata, um doce tilintar.