NOTA 1




O período mais importante da história da filosofia grega, a época que se inicia com Tales de Mileto e se encerra com Aristóteles, vai aproximadamente do ano 600 AC até o ano 350 AC. Diversamente da doutrina judaico cristã, a filosofia grega não é uma Revelação, mas um esforço de muitas gerações de sábios que buscaram se aproximar da verdade através do cultivo das virtudes, do estudo e da contemplação, inicialmente da natureza, posteriormente aperfeiçoada pelo desenvolvimento da Metafísica. Como sub produto deste esforço surgiram muitas obras escritas que se aprimoravam à medida em que as várias gerações de filósofos iam se sucedendo. Devido a este caráter gradual dos escritos dos filósofos gregos, em suas primeiras obras encontram-se, entre as verdades mais sublimes, também muitos ensinamentos contrários à fé cristã. Cumpre observar, no entanto, que em Aristóteles, não por acaso o último desta sequência de sábios e o possuidor, entre os mesmos, da obra escrita mais extensa, já não se encontra praticamente nada, ou possivelmente mesmo nada, que divirja da doutrina cristã. Na tempo de Hugo de S. Vitor, porém, o ocidente cristão ainda não dispunha do acesso a toda a obra de Aristóteles, com exceção dos seus tratados de Lógica, disponíveis em uma tradução latina legada por Boécio. Somente quase dois séculos mais tarde, na época de Santo Tomás de Aquino, é que foi possível à civilização ocidental conhecer inteiramente, não sem grande assombro, toda a obra do filósofo.