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Nesta idade as crianças não são capazes do
aprendizado por causa de sua tenra compleição e imperfeição
das virtudes, nem podem fazer grandes trabalhos. Por isso é
necessário exercitá-las em pequenos movimentos que podem ser
feitos em diversas ações e brincadeiras. As brincadeiras não
devem declinar à servilidade, nem ser muito trabalhosas ou
violentas, para que não prejudiquem as virtudes por causa do
excesso, nem muito moles e remissas, para que não se
transformem em causa de preguiça (8).
Nesta idade devem ser exercitadas em ouvir
pequenas histórias e fábulas, para que se exercitem no falar
e nas razões dos nomes. Deve-se observar porém que, nesta
idade, tudo em que as crianças forem acostumadas, movimentos,
ações, brincadeiras, histórias e fábulas que ouvem e também
que vêem, sejam imagens das coisas em que depois deverão
tratar seriamente, e como que um caminho para as coisas que
depois deverão estudar ou em que se ocupar, pois as coisas
que por primeiro nos acostumamos mais inclinam
posteriormente, já que aquilo de que temos costume nos é mais
deleitável (9).
Deve-se evitar que ouçam, nesta idade, coisas
torpes. Ao contrário, o bom legislador deveria exterminar
completamente da cidade os discursos torpes sobre o que é
venéreo e outras coisas que estão além da razão e
honestidade, pois pelo fato de discorrer sobre o que é torpe
segue-se a inclinação à ação torpe. Freqüentemente ocorre
que, falando de alguma ação torpe, mais freqüentemente se
pense sobre a mesma, e do freqüente pensamento segue-se uma
inclinação maior a esta ação. Isto que deve ser
universalmente proibido na cidade, deve ser maximamente
proibido aos jovens e na presença deles, de modo que nem
falem nem ouçam falar a respeito. De fato, tudo quanto ouvem
ou vêem ou operam nesta primeira idade é admirado como coisa
nova, por causa do que é melhor lembrado e se faz mais
deleitável, pois as coisas admiráveis são deleitáveis e às
coisas nas quais nos deleitamos mais facilmente nos
inclinamos (10).
Deve-se evitar nesta idade que as crianças vejam o que é
desonesto; de fato, diz o Filósofo, se devemos
exterminar da cidade fazer ou dizer o que é torpe, manifesto
é que deve-se evitar também o ver estas coisas, pois pelo vê-
las produz-se a imaginação e a memória das mesmas, e isto
principalmente nas crianças, as quais vivem da admiração (11).
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