CAPÍTULO OITAVO |
1. |
Vou passar agora à categoria das inteligências celestes de ordem
intermediária. Com os olhos do espírito contemplarei o melhor que
puder as dominações e a maravilhosa visão das divinas virtudes e
potestades (Ef. 1, 21; 3, 10; Col. 1. 16; 2,
10; I Pe. 3, 22; Rom. 8, 38). Cada denominação dos
seres tão superiores a nós apresenta maneiras distintas de imitar a
Deus e configurar-se com Ele.
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2. |
Esta transmissão de uns anjos a outros simboliza a perfeição a
qual, como vem de longe, vai diminuindo a sua luz ao passar da
primeira à segunda ordem. Os santos mestres que nos iniciaram nos
mistérios de Deus ensinam que a perfeição das realidades divinas,
quando elas se revelam diretamente, é superior à participação por
visões que chegam de outros modos. De igual modo, creio eu,
participam mais perfeitamente de Deus os anjos que lhe são mais
imediatos que os outros aos quais a participação chega por
mediadores. Assim, pois, utilizando-nos dos termos tradicionais,
as primeiras inteligências aperfeiçoam, iluminam e purificam às de
grau inferior de tal maneira que estas, por terem sido elevadas
através das primeiras até à fonte universal e supraessencial,
participam, segundo sua capacidade, da purificação, iluminação e
perfeição do Único que é fonte de toda a perfeição.
Ezequiel, outro teólogo, declara que tudo isto foi santamente disposto pela mesma Deidade que em sua glória, superior a toda a glória, tem à sua disposição os querubins (Ez. 10, 18). Deus, levado por amor paternal aos homens, queria a correção para o proveito de Israel, e com um ato de eqüidade digna dEle determinou separar os inocentes dos culpados. O primeiro a ser nisso instruído, depois do querubim, foi aquele que estava cingido com cinturão seráfico e vestia um manto até os pés em sinal de sua missão hierárquica (Ez. 9, 2; 10, 6-8). Ele, por sua vez, comunicava a decisão divina aos outros anjos, os que levavam machados (Ez. 9, 1-3). Assim cumpria as ordens da Deidade, fonte da ordem que mandava atravessar toda Jerusalém e pôr um sinal sobre a fronte dos inocentes. Disse aos outros:
Que dizer do que anunciou a Daniel que "a ordem está dada" (Dan. 9, 23)? Ou do primeiro que apanhou o fogo do meio dos querubins (Ez. 10, 2)? Ou do querubim que colocou fogo nas mãos do que vestia a "estola sagrada" (Ez. 10, 6-8), coisa que mostra claramente a boa ordem que existe entre os anjos? Que diremos daquele que chamou ao diviníssimo Gabriel e lhe disse:
E todos aqueles exemplos que mencionam os sagrados teólogos em relação à variadíssima ordem das hierarquias celestes. Nossa hierarquia tenta imitar, dentro do possível, aquela ordem e beleza angélica, configurar-se à sua imagem e elevar-se até à fonte supraessencial de toda ordem e de toda hierarquia. |