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Esta é, segundo meus conhecimentos, a primeira hierarquia dos
seres celestes, o círculo mais próximo de Deus (Is. 6, 2;
Ap. 4, 4). Gira sem cessar com plena simplicidade em torno ao
que é eterno conhecimento, estabilidade eternamente móvel. Para
sempre e totalmente, tal como convém aos anjos. Com um só olhar,
puro, pode experimentar múltiplas contemplações bem aventuradas e
também receber diretamente os simples raios luminosos. Sacia-se com
alimento divino, abundante, porque vem do banquete celestial.
Único, porque os revigorantes dons de Deus conduzem ao Uno em
unidade, sem diversidade.
Esta primeira hierarquia é particularmente digna de familiaridade com
Deus e coopera com Ele. Imita, enquanto possível, a beleza do
poder e atividade próprios de Deus, com elevado conhecimento de
muitos mistérios divinos. Pelo que as Escrituras transmitiram aos
que habitam na terra os hinos que cantam estes anjos da primeira
hierarquia (Apoc. 4, 8; 6, 10; 11, 16; 11, 5;
15, 2; 19, 1-8). Desta maneira fica santamente manifesta a
sua iluminação transcendente. Alguns destes hinos são, para
dizê-lo com uma imagem sensível, o "ruído de um rio caudaloso"
(Ez. 1, 24; Ap. 14, 2; 19, 6) quando proclamam:
"Bendita seja em seu lugar a glória do Senhor" (Ez. 3,
12). Outros cantam com veneração aquele famoso hino de louvor a
Deus: "Santo, Santo, Santo, Senhor dos exércitos! A terra
está cheia de sua glória" (Is. 6, 3; Ap. 4, 8).
Em meu livro "Hinos Divinos" já expliquei o melhor que pude os
sublimes louvores que aquelas santas inteligências cantam sobre os
Céus. Creio que ali expus tudo o que convinha dizer. Pelo que diz
respeito ao meu propósito, limito-me a repetir aqui que quando a
primeira ordem recebeu, segundo a sua capacidade, a iluminação
divina diretamente de Deus, transmite-a, como é próprio de uma
hierarquia benfeitora, a seus inferiores imediatos. Seu ensinamento
reduz-se a isto: É justo e bom que as inteligências deíficas,
enquanto possível, conheçam e honrem à adorável Deidade, que
merece todo o louvor, ainda que esteja muito acima de tudo. São
estas inteligências, por viverem em conformidade com Deus, o lugar
onde mora a Deidade, como diz a Escritura (Is. 66, 1; Num.
10, 36; I Cron. 6, 31; II Cron. 6, 41; Ex.
37, 7-9; I Sam. 4, 4; II Sam. 6, 2; II Re.
19, 15; Sl. 80, 1; 99, 1).
Este primeiro grupo transmite o ensinamento de que a Deidade é
Unidade, Una em Três Pessoas, que sua esplêndida providência se
estende desde os seres mais elevados no Céu até às ínfimas
criaturas da terra. É a Causa e Fonte que transcende a fonte de todo
ser e supraessencialmente atrai todas as coisas ao seu perene abraço.
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