CAPÍTULO SEXTO

1.

Quantas são e como se classificam as ordens celestes? Como cada uma das hierarquias alcança a perfeição? Somente aquele que é Fonte de toda a perfeição poderia responder com exatidão a estas perguntas, porém, pelo menos, elas conhecem as iluminações e os poderes próprios de cada ordem e seu lugar nesta ordem sagrada e transcendente. Pelo que nos diz respeito, não é possível conhecer o mistério das mentes celestes nem entender como alcançam a mais alta perfeição. Podemos conhecer apenas o que a Deidade nos manifestou misteriosamente por meio delas, já que conhecem bem suas propriedades. Nada, portanto, tenho a dizer por mim mesmo de tudo isto, e contento-me meramente em explicar o melhor que puder o que aprendi dos santos teólogos sobre os anjos tal como eles no-lo transmitem.

2.

A Escritura enumera em nove os nomes de todos os seres celestes, e meu glorioso mestre os classificou em três hierarquias de três ordens cada uma. Segundo ele, o primeiro grupo está sempre em torno de Deus, constantemente unido e Ele, antes que todos os outros e sem intermediários. Compreende os santos tronos e as ordens dotadas de muitas asas e muitos olhos que em hebraico chamam de querubins e serafins. Conforme à tradição das Santas Escrituras estão colocados imediatamente junto de Deus e ao seu redor, mais perto que todos os demais (Is. 16, 1-7; Gen. 4, 24; Ez. 10, 1-22; Ef. 1, 21; Col. 1, 16; Jud. 1, 9). Este tríplice grupo, diz o meu célebre mestre, forma uma só hierarquia que é verdadeiramente a primeira. Seus membros gozam de igual estado. São os mais divinizados e os que recebem primeiro e mais diretamente as iluminações da Deidade (Ez. 1, 18; Is. 6, 2; Ez. 1, 6).

O segundo grupo, diz ele, é composto das potestades, dominações e virtudes. O terceiro, no final das hierarquias celestes, é a ordem dos anjos, arcanjos e principados.